terça-feira, 30 de março de 2010

A INFLUÊNCIA AFRICANA NA LÍNGUA PORTUGUESA

Você sabia... qual a extensão da influência africana no português brasileiro? Por quase trezentos anos, o Brasil recebeu milhares e milhares de africanos, aqui trazidos como escravos para o trabalho rural ou na mineração. Vieram negros de praticamente toda a África, mas deles destacam-se dois grandes grupos: o guineano-sudanês e o banto. Esses povos falavam muitas línguas, das quais quatro exerceram razoável influência na nossa. Do primeiro grupo, podemos mencionar o iorubá ou nagô (Nigéria) e o eue ou jeje (Benim). Do segundo, o quimbundo (Angola) e o quicongo .(Congo).

Uma série extensa de palavras oriundas dessas línguas incorporaram-se ao nosso léxico, especialmente as relativas a:


· Divindades, conceitos e práticas religiosas , ainda hoje utilizadas na Umbanda, Quimbanda e Candomblé (inclusive essas três palavras) - Oxalá, Ogum, Iemanjá, Xangô, pombajira, macumba, axé, mandinga, canjerê, gongá ( ou congá);
· comidas e bebidas (muitas delas, originariamente, comidas e bebidas-de-santo, que depois se popularizaram na nossa culinária, notadamente na baiana) - Quitute, vatapá, acarajé, caruru, mungunzá, quibebe, farofa, quindim, canjica e possivelmente cachaça;
· topônimos , isto é, nomes de lugares e locais - Caxambu, Carangola, Bangu, Guandu, Muzambinho, S. Luís do Quitunde; cacimba, quilombo, mocambo, murundu, senzala;
· roupas, danças e instrumentos musicais - Tanga, miçanga, caxambu, jongo, lundu, maxixe, samba, marimba, macumba (antigo instrumento de percussão) , berimbau;
· animais, plantas e frutos - Camundongo, caxinguelê, mangangá, marimbondo, mutamba, dendê, jiló, quiabo;
· deformidades, doenças, partes do corpo - Cacunda, capenga, calombo, caxumba, banguela, calundu, bunda.

Várias palavras produziram compostos e derivados, como pé-de- moleque , molec agem, mini tanga , quiab inho, angu -de-caroço, dende zeiro e tantas outras. Curiosa é a formação de capanga , de provável origem banto: a forma normal é panga (companheiro), que entrou para o português acrescida do prefixo diminutivo ca . Isto quer dizer que na origem "capanga" significa "companheirinho". De procedência africana são também provérbios como "por fora, muita farofa ; por dentro, molambo só" (aqui, farofa = ostentação e molambo = trapo, farrapo).

Enquanto a grande maioria dessas palavras entrou há muito tempo na língua, uma outra é de chegada mais recente: rastafari , em que o elemento de origem árabe ras é título de chefe etíope (da Etiópia, Nordeste africano). Designa tipo de penteado muito em moda nos últimos tempos no Brasil. A África continua inspirando...

A influência africana fez-se sentir também na área da fonética, combinada com a influência indígena, já que os especialistas têm dificuldade de identificar a ação de cada uma separadamente. Essa influência operou-se principalmente no linguajar chamado "caipira", utilizado pelos falantes da área rural com instrução formal pouca ou nenhuma. Assim, são atribuídas à influência afro-indígena formas como tá (está), mió (melhor), fulô (flor), muié (mulher), paiaço (palhaço), cosca (cócega), memo (mesmo), aquerditá (acreditar), num (não), andano (andando), etc. Entretanto, algumas dessas formas podem ter-se originado do próprio português lusitano na época da colonização. Várias palavras africanas penetraram também no português europeu, mas a influência aqui foi sem dúvida maior.

Vocábulos Afro-brasileiros

Abadá Túnica branca.

Abalá Massa africana utilizada na cozinha Afro-brasileira.

Abalaú-aiê Orixá utilizado em cultos Afro pelo mundo.

Abebé Leque da deusa Oxum quando de latão, e da deusa Iemanjá, quando pintado de branco. 0 leque e de forma circular, tendo recortada no centro a figura de uma sereia.

Aberém Culinária Afro-brasileira. Bolo de milho ralado na pedra e cozido envolto em folhas de bananeira.

Abiãs Na escala de hierarquia feminina, no candomblé, a abiã e a pre-noviça nos ritos primeiros. indivíduo que ainda não passou pela cerimônia de iniciação, propriamente dita, mas que já "deu" (realizou) o bori pré-iniciático.

Abrazô Comida Afro constante de pequenos bolos feitos com farinha de milho , azeite-de-dendê, pimenta e outros temperos e fritos no mesmo azeite.

Abuxó Fava usada pelo pai-de-santo nas cerimônias do terreiro e tida pelos crentes como possuidora de várias virtudes curativas.

Acaçá Na cozinha Afro-brasileira, e um dos pratos indispensáveis ao paladar coletivo. Bolo de arroz e milho.

Acarajé Prato típico da cozinha Afro-brasileira. Bolinho de feijão frito no azeite de dendê.

Adjá Pequena campainha de metal , também usada nos candomblés, soando para convidar os crentes a assistira a cerimônia de dar comida aos santos é também sineta ritual, com uma, duas, ou mais campânulas.

Ado Gulodice feita de milho torrado, que se reduz a pó e se tempera com azeite-de-cheiro , ao qual se pode adicionar mel de abelha.

Ado-Chu Massa de ervas e sangue de animais sacrificados no culto Jejê-nagô e posta no alto da cabeça raspada da iauô catecúmeno que esta sendo iniciada na religião Afro- brasileira.

Adubalé Saudação das filhas e filhos-de-santo nos candomblés baianos.

Afoxé Ritmo afro do carnaval.

Afurá Bolo de arroz fermentado. Serve-se com água açucarada, na qual se dissolve, formando uma bebida refrigerante apreciada na África entre os nagôs e pela população Afro-brasileira.

Aganju É um deus nagô, filho d e Obatalá, o céu, e de Odudua, a Terra. Aganju simboliza a terra firme.

Agogô Instrumento musical.

Aguê Catuto coberto de um rendilhado de "lágrimas-de-nossa-senhora", usado como instrumento musical nos candomblés.

Aguiri Amuleto dos negros brasileiros descendentes dos escravos sudaneses.

A-I-É Festa religiosa e profana dos Afro-brasileiros no primeiro dia do ano. " No primeiro de janeiro, costumavam dar uma função , para a qual se cotizavam com antecedência, era a festa chamada A-I-E. 0 objetivo era cumprimentar o Ano Novo, augurando felicidades e boa colheita para todos".

Ai-I-Ú Jogo africano de tabuleiro.

Ai-Lá Oração dos negros malês muçulmanos.

Aiocá Princesa de Aiocá. Urn dos cinco nomes, no candomblé para, a Iemanjá, orixá das águas, no culto Jejê-nagô.

Ajê-Xalugá Deus da medicina, deus da saúde para os nagôs.

Ajibonã Auxiliar de mães-de-santo, acompanhando a filha-de-santo na iniciação.

Ajó Oração recitada durante o preparo de um ebó, feitiço das antigas macumbas.

Alabê O chefe dos tambores nos candomblés. responsável pela música e pelos atabaques.

Alijenu Espíritos diabólicos para os negros Malês. Os alufás superiores, apesar da crença, usam dos aligenum, espíritos diabólicos para o bem e o mal.

Alufá Nome genérico para o negro muçulmano.

Alujá Uma dança negra no Brasil, trazida pelos escravos africanos.

Aluvaiá É o orixá dos negros Bantos. É um Exu da nação Angola.

Amaci Banho ritual, feito de ervas.

Amori Prato Afro-brasileiro feito com as folhas da mostardeira, sem cortar , fervidas e temperadas e , depois, fritas no azeite- de-dendê.

Amurê É o casamento dos negros malês. Depois de tudo combinado, os noivos, padrinhos e convidados dirigiam-se a casa do sacerdote.

Amuxã È um iniciados que portam o ixã e funcionam como guardas espalhados pelo terreiro e nos seus limites, para evitar que alguns Babá ou os perigosos Apaaraká que escapem aos olhos atentos dos ojés saiam do espaço delimitado.

Anamburucu O mais velho dos três orixás das águas Iabá cuja epífania são as águas profundas e lodosas.

Anguite Espécie de "angu de negra" de minas, parecido com caruru da Bahia.

Aniflaquete Orixá dos xangôs.

Aripá Veneno preparado pelos escravos africanos. Era preparado da cabeça da cobra cascavel.

Arroz de Aussá Arroz cozido na água sem sal. A origem do quitute pertence aos negros haussás da Nigéria.

Aruaru Orixá do sarampão.

Árvore Os africanos tem pela árvore um sentimento religioso.

Assumi O jejum anual dos negros malês. O jejum era efetuado no intervalo de uma lunação, isto e, começava na lua nova, e terminava na lua seguinte. 0 cardápio era de inhame e bolas de arroz.

Astros O povo brasileiro guarda claros vestígios dos cultos astrolábios herdados de europeus, negros e ameríndios.

Atabaque Tambores primários feitos com peles de animais.

Ataré Pimenta-da-costa. Nossa pimenta malagueta.

Atô Tabuas em que os malês escreviam as orações com tinta de arroz queimado.

Axé Energia vital, sagrada, do orixá. A força que está nos elementos da natureza, como animais, plantas, sementes e outros.

Axés Liquido de estranho e ativo cheiro em que se mistura o sangue de todos os animais sacrificados, em todos os tempos, no candomblé.

Axogun Responsável pelos sacrifícios dos animais.

Axoquê Deus para os negros malês.

Babalaô Sacerdote dos cultos Jejê-nagôs.

Babalorixá É o pai-de-santo, zelador, pai-de-terreiro, o mestre, guia terreno, governador espiritual e administrador do candomblé.

Baiani Orixá dos negros iorubanos.

Baiano Dança viva com coreografia individual permitindo improvisações a habilidades de pés e velocidade de movimentos de corpo.

Balangandãs Coleção de ornamentos de prata que as negras trazem pendentes na cintura , nos dias de festa, principalmente na festa do Senhor de Bonfim.

Balê É um quartinho retirado fora do barraco das festas, destinado a hospedar o espírito dos mortos, antes da grande viagem para o outro mundo.

Balé Espírito de morto; egun.

Bambá Dança dos negros africanos, em circulo de homens e mulheres que cantam o estribilho: " Bambá, sinhá bambá, querê! ". Ao som das palmas cadenciadas , em aplauso a um ou dois dançarinos.

Bangüê Padiola em que se conduziam cadáveres de pretos escravos. Este vocábulo tem outras significações , aparece constantemente no folclore brasileiro.

Bantos Grupo de cerca de cinqüenta milhões de pessoas da África Central.

Banzé Banze-de-cuia, uma das danças do bailado Moçambique. Pode ter dado origem ao samba.

Barquíssu O santuário do candomblé Afro-brasileiro na liturgia dos negros bantos.

Batá-Cotô Tambor de guerra.

Batucajé Dança profana ao som de tambores ou ruído produzido pelo toque dos atabaques. Titulo genérico para os bailados religiosos.

Beji Os gêmeos nos candomblés Jejê-nagô, identificados como São Cosme e São Damião.

Bem-Casados Nome de um biscoito. Veio da África Ocidental.

Bobó Comida Afro-brasileira. A base de camarão e aipim.

Bori Ritual de "dar comida à cabeça", realizado antes da iniciação e também quando é necessário fortalecê-la por alguma razão.

Cair no Santo Entrar em transe, possessão mediúnica nos candomblés. Indica a chegada do orixá no corpo de seu cavalo.

Candomblé Festa Afro-brasileira religiosa dos negros Jejê-nagôs no Brasil.

Cangá Instrumento musical africano, feito de cana de bambu.

Canjerê Feitiço, na acepção de coisa-feita, despacho, dança negra de fundo religioso.

Canzuá de Quimbe Terra dos mortos.

Capoeira Arte marcial de origem Afro. Foi introduzido no Brasil pelos escravos bantos da Angola.

Cariapemba Entidade maléfica para os escravos africanos.

Caruru-dos-Meninos Refeição oferecida pelo devoto dos Ibeiji ou os gêmeos identificados como São Cosme e São Damião.

Dadá Orixá sudanês, protetor dos vegetais. É o primeiro dos quinze filhos de lemanjá, saídos do seu ventre depois da violação de Orungã.

Dandalunda É um dos nomes de lemanjá. 0 mesmo que Mãe Dandá.

Dendê Fruto do dendezeiro (palmeira). 0 azeite a indispensável na culinária afro-brasileira.

Dengué Milho branco, cozido com um pouco de açúcar.

Despacho Feitiço, macumba, coisa-feita.

Ebó Farinha de milho branca e sem sal.Depois de cozida, certas tribos africanas adicionavam azeite de dendê.

Ebò Descarrego de más influências; limpeza espiritual; inclui o sacrifício de um animal, geralmente.

Ecu Bailado dos candomblés Afro-brasileiros.

Ecuru Farofa de massa de feijão-fradinho diluído em mel de abelhas ou azeite-de-dendê.

Efum É a cerimônia de pintar a cabeça de iauô, candidata ao posto de filha-de-santo.

Egun Morto, balé.

Egungun O mesmo que Egum, cerimônia nas macumbas, onde são invocados os espíritos bons e protetores.

Ekede Ebomi do sexo feminino, que não entra em transe e tem funções de auxílio ao orixá (uma espécie de "aia" deste), tendo como obrigações principais vesti-lo, cuidar de suas roupas, dançar com ele, estar permanentemente ao seu lado quando entra em transe , atendendo a seus pedidos, enxugando o suor do rosto de seu "filho" durante a dança.

Équédi Na hierarquia feminina dos candomblés, são servas voluntárias das filhas-de-santo, ajudando-as, por devoção aos orixás, nos trabalhos de vestuário e ornamentos.

Eran-Paterê É um naco de carne verde, bem fresca, salgada e frita no azeite.

Ere É um orixá filho de Xangô. Entidade infantil, espírito menor, particular de cada iaô, que nasce durante a feitura de seu santo.

Erê Criança, no rito angola.

Etu Feitiço que se obtém com um punhado de terra do cemitério.

Exu Também conhecido por Elegbára (ele=dono; agbára=poder). É o representante das potências contrarias ao homem. Os africanos assimilam-no ao demônio dos católicos.

Feitiçaria É o nome genérico para designar todas as praticas de magia popular.

Feito em pé Diz-se do santo, nos candomblés Jejê-nagôs e bantos, que não mereceu o cerimonial preparatório para assentar no seu sacerdote, babalaô, babalorixá, pai- de-santo.

Ferramentas Insígnias que os orixás trazem nas mãos como símbolo de sua identidade mítica. Ogum traz uma espada, Oxóssi um arco e flecha etc.

Filha-de-Santo A sacerdotisa dos candomblés Afro-brasileira, mulher dedicada ao culto de um orixá, tendo essa posição religiosa depois de um verdadeiro curso no terreiro , aprendendo o rito, danças, cantos, cerimonial, fazer a indumentária do seu santo, as iguarias que lhe são oferecidas.

Fungador Instrumento musical africano trazido pelos escravos para o Brasil.

Guaiá Chocalhos usados pelos Afro-descendentes.

Humulucu Iguaria que se faz de feijão fradinho, temperado com azeite-de-dendê, cebola, sal e camarão.

Iá Mãe.

Iabá Orixá feminino.

Iabaim Mãe da bexiga, varíola.

Iabassê Cozinheira do culto, responsável pelas comidas dos santos.

Iaiá-Ioiô Tratamentos de Senhora e Senhor dados pelos escravos aos meninos da casa-grande, os jovens amos. Também havia o hipocorístico iaiázinha e ioiôzinho.

Iakekerê Mãe-pequena, auxiliar direta da ialorixá.

Iansã Orixá sudanês dos ventos e da tempestade, uma das mulheres de Xangô.

Iaôs São as filhas-de-santo em preceito, cumprindo os deveres e encargos do curso de iniciação ou recém-iniciadas.

Iaque-que-rê Mãe pequena.

Iatebexê Cargo feminino , geralmente dado a uma ekede, que tem como função cantar para os orixás, no barracão ou fora dele.

Iere Semente semelhante a do coentro, usada na culinária afro como tempero do caruru, peixe e galinha.

Ilê Casa, terreiro.

Ingono Tambor de macumba e candomblé para danças populares.

Inkices Deuses do rito angola.

Iru Fava usada pelos africanos como condimento.

Iruquere Ou Iruquerê, cauda de boi, com um cabo de osso ou de madeira, enfeitado de relevos. Pertence ao culto de Oxossi. Na África, entre sudaneses e bantos , é uma insígnia da realeza , enxota-moscas ou objeto privativo do rei ou dos primeiros príncipes. Todos os viajantes que atravessaram a Africa fazem menção do enxota-moscas do rabo do boi na mão do soba ou dos seus privados. Era de use no Egito clássico.

Iyalorixa Alourixá , mãe-de-santo, mãe-de-terreiro, diretora do candomblé , sacerdotisa de um candomblé , sacerdotisa do culto Jejê-nagô, iniciadora, mentora e governadora absoluta do seu candomblé.

Já Instrumento musical trazido pelos africanos para o Brasil. E uma sineta de metal utilizada na cerimônia de dar comida ao santo, orixá.

Jeguedé Instrumento de percussão dos afro-brasileiros, popularizado no sul do Brasil , onde dominou a dança que se fazia ao som do mesmo. A dança Jeguedé era uma espécie de bambolê, ginástica , individual , com improvisações, embora dançada com muitos outros companheiros.

Jejês Negros do Daomé, vindos para o Brasil como escravos e que tiveram influencia folclórica e etnográfica.

kelê Colar que se amarra ao pescoço do iaô durante a iniciação e que permanece assim por três meses, conhecidos como período de kelê; diz-se que ele "separa a cabeça do corpo". É chamado também de "gravata do orixá".

Lógunéde Erinlé teria tido com Oxum Yéyépondá, um filho chamado Lógunéde , cujo o culto se faz ainda, mas raramente em Ilexá.

Lundu Dança e canto de origem africana trazidos pelos negros escravos bantos, de Angola para o Brasil. A chula, o tango brasileiro, o fado, nasceram do som do lundu.

Mãe-de-santo ou Mae-de-terreiro Sacerdotisa do culto Jejê-nagô, dirigindo a educação sagrada das filhas-de-santo ou cavalo-de- santo.

Malembe Cânticos rogatórios nos candomblés de origem banto.

Mandinga Feitiço, despacho, mau-olhado. Os negros mandingas eram tidos com o feiticeiros incorrigíveis dos vales do Senegal e do Níger.

Martim-Pescador É um orixá dos candomblés bantos, em Salvador, Bahia. 0 mais estranho dos orixás das águas é o pássaro martim-pescador , também conhecido entre os negros por marujo, pássaro cuja missão consiste em ser leva-e-traz para o mar das suplicas dos mortais às divindades do mar.

Moçambique Dança africana, como explica a palavra. Foi conhecida e usada nos sertões pelos primeiros escravos mineiros trazidos para o trabalho da extração de ouro.

Nação Rito religioso identificado às práticas das etnias de origem africana que foram trazidas ao Brasil.

Nagô Nome por que se conhece o iorubano assim como todo negro da Costa dos Escravos que falava ou entendia o ioruba.

Nanã A avó dos Orixas, também chamada de Nanã Buruku ( Buru=espirito; Iku=morte)

Obá Orixá yoruba semelhante a Oya

Obag Foram, na tradição dos iorubanos, os ministros do Rei Xangô, os mangbás , divulgadores , instituidores e defensores do culto,dando ao soberano tornado orixá os hábitos celestiais idênticos às predileções que possuía na terra.

Obaluayiê Omolú (xapanã) - Obalúayé; "Rei dono da Terra", Omolu "Filho do Senhor", Sapata "Dono da Terra" são os nomes dados a Sànpònná (um título ligado a grande calor - o sol - também é conhecido como Babá Igbona = pai da quentura ) deus da varíola e das doenças contagiosas, é ligado simbolicamente ao mundo dos mortos.

Obrigação Nome que se dá às confirmações da iniciação (de dois em dois anos, existindo obrigação de 1,3,5,7 anos e, depois, quando se tiver condições de dar).

Ogã Ebomi do sexo masculino, que não entra em transe.

Oguedê E a banana denominada da terra, frita e servida como sobremesa.

Ogum Orixá do ferro e das guerras filho de Yemanjar ou Oduá com Oxalá

Oiá Deusa do rio Níger, mulher de Xangô.

Omalá E a comida do santo. Cada orixá possui seu omala.

Omi Água.

Omó Filho, criança.

Opanijé Um dos bailados no candomblé Jejê-nagô da Bahia.

Opelê ifá Instrumento oracular do babalaô. Um tipo de corrente com oito metades de caroço de dendê, que jogados aleatoriamente resulta configurações em número de dezesseis e que e dois lances fornece 256 configurações chamadas odus.

Ori Cabeça, manteiga vegetal.

Orô Cerimônia.

Òrúnmíla Deus do destino, regente dos oráculos, Òrúnmíla é um outro nome de Ifá

Ossain-Òsányn Divindade das folhas medicinais e litúrgicas

Oxalá O maior dos orixás, entidade andrógina, a maior tradição religiosa como sobrevivência afro-brasileira. Orixalá ou Oxalá tem um caráter bissexual e simboliza as energias produtivas da natureza. Esse caráter andrógino de Oxalá e evidente nos seguintes cânticos do candomblé da Bahia: É representado por meio de conchas ou cauris , limão verde dentro de um circulo de chumbo. Pela convergência a força de aculturação , Oxalá identificou-se como o mais popular e prestigioso culto de toda a Bahia. 0 dia do culto especial de Oxalá e a sexta- feira. Ora, identificado como está com o Senhor do Bonfim ( Santo de maior devoção entre o povo da Bahia) , pode-se dizer que Oxalá tem, semanalmente, o culto mais ruidoso da Bahia. Todas as Sextas-feiras peregrinos dos subúrbios, da própria cidade e das circunvizinhanças vem em romaria visitá-la e implorar-Ihe proteção e auxílio. A falta de um deus supremo , por assim dizer palpável, os negros, Jejê-nagôs ou bantos, adoram Oxalá , um mito primitivo. Mora no alto de um monte, como na África.

Oxóssi Orixá da caça e dos caçadores, Também ligado a terra virgem.

Oxum Orixá dos rios e das Pontes, deusa do rio Oxum, na África.

Oxumarê Sua tradução , quer dizer: arco íris , bem como uma versão, essencialmente masculino, e outra, como fêmea ou macho ( Besèn e Frekuén). Besèn, a parte feminina de Oxumarè, que se transforma durante seis meses do ano ( também evidenciado pela sua mudança de pele ).

Oyá Iyá-mesan-órun, seu Oríki, mãe dos noves órun, Yásan.

Padê-de-Exu Oferta de alimentos rituais feita ao orixá Exu, antes de qualquer cerimonia ou festa de candomblé afro-brasileira na Bahia.

Pata de Coelho Amuleto que se divulgou no Brasil. É de origem africana , dos negros sudaneses, onde o coelho é um motivo prestigioso de astúcia, esperteza e felicidade.

Peji Altar armado e dedicado a um orixá nos candomblés Jejê- nagôs. Também é quarto onde ficam as representações materiais dos orixás, chamadas de ibás.

Peji-Gan Dono ou senhor do altar, sinônimo de pai-de-santo, mestre babalorixá nos candomblés Jejê-nagôs.

Povo-de-santo Conjunto de todos os adeptos do candomblé ou da religião dos orixás.

Presente de lemanjá Oferta ritual feita a rainha do mar, água de cheiro, flores etc.

Quizila ou eó Tabu , implicância , interdição, indisposição em relação a algo ou alguém, conjunto de proibições.

Roda de Ebomi Roda de santo formada apenas pelos ebomis, situando-se dentro da roda de santo, formando com esta, um círculo concêntrico.

Roda de santo Círculo formado em ordem hierárquica para a dança no barracão e que o faz no sentido anti-horário.

Roncó Clausura. Espaço reservado ao recolhimento dos iniciados.

Rum O maior dos três atabaques; dança principal dos orixás; a saída, na iniciação , em que o orixá veste, pela primeira vez, suas roupas rituais e usa suas ferramentas.

Saída Festa em que o iaô, após o período de recolhimento para a iniciação, sai pela primeira vez, apresentando-se publicamente à comunidade do povo-de-santo.

Sinhá Corruptela de senhora. Termo originariamente usado pelos escravos africanos para chamarem as mulheres dos seus senhores , chamando , porem, as filhas de sinhazinha ou sinhá moça. Sinhá é gente de boa família , bem educada, gente fina.

Sinhô Corruptela de senhor. Termo originariamente usado pelos escravos africanos para chamarem os seus senhores, chamando, porem, os filhos de sinhozinho ou sinhô moço.

Sudaneses Compreende os iorubas da Nigéria ( nagô , ijexá, eubá , quêtu , ibadau , iobu ) os negros do Daomé ( Jejê, etc. ) , fanti-ashanti da Costa do Ouro , os grupos de outras regiões da Gâmbia , Serra Leoa, Nigéria , Sibéria , Costa do Marfim , da Malagueta, etc... Entende-se como influência sudanesa , as culturas guineano sudanesas que tiveram o credo muçulmano , fulas , mandingas , haussás e elementos de menor porção. A influência sudanesa no Brasil foi interessante na preeminência intelectual e social. Os Jejês teriam representado alforriados da Bahia para a África. Os nagôs fizeram, na Bahia , Capela dedicada ao Senhor Bom J esus da Redenção. As iguarias mais típicas da cozinha afro-brasileira são presenças nagô, como vatapá e caruru. 0 cerimonial religioso dos candomblés deve maior percentagem aos nagôs. São iorubas os instrumentos musicais dos candomblés em sua maioria, os ilus (tambores) o agogô, o adjá, o afofiê, o aguê.

Suspensão Ato pelo qual o orixá "escolhe" alguém na assistência ou na casa de santo e lhe atribui um cargo.

Tempero Elementos que compõem o fundamento religioso, como folhas, pós, sementes etc.

Tempo O deus Tempo , cultuado nos candombles de Angola e do Congo , na Bahia , não é outro senão o deus Loko dos Jejês. Os negros de Angola também o chamam de Katende, Katende ngana Zambie , sem duvida, o estão transformado numa divindade distinta. Parece que , como Tempo, o deus do Jejês incorpora vários espiritos inferiores que , na crença dos bantos , habitam as árvores. O iroko , árvore sagrada em toda a Costa dos Escravos , e, na terra dos Jejês , considerada como sendo o deus Loko, "o deus das árvores " ( Herskovits ) , e a Chlorophora excelsa , na África , e dispõe de altares públicos em Abomey e Porto Novo, no Daomé. Na Bahia, entretanto e a gameleira branca, a grande gameleira das folhas largas, talvez a Fícus religiosa. No Maranhão , onde a influencia Jejê se faz sentir poderosamente na Casa das Minas , Loko se representa pela cajazeira. Como Tempo, o deus Loko esta mudando as fisionomias , as vezes com diferenças atmosféricas: " Vira o Tempo! Olho Tempo virou! "

Urucungo ou Orocongo Instrumento de procedência africana , que consiste num arco de madeira, tendo um arame retesado , passado entre as pontas. Numa das extremidades, ou no centro do arame, a presa um pequeno catuto, de forma arredondada, com uma abertura circular. 0 som e obtido pela percussão da corda com os dedos ou com uma vareta (tocado igual a violino) ou uma haste de metal.

Vatapá Tradicional prato da cozinha afro-brasileira.

Virar no santo Entrar em transe.

Xangô Xangô teria sido o terceiro àlàáfín Òyó - Rei de Oyó filho de Oranian e Torosi

Xinxin Iguaria tradicional da cozinha afro-brasileira.

Xirê Ordem seqüencial de cantigas para o orixá, cantada durante a festa; em Jorubá significa dançar, brincar.

Yemanjá Ye omo eja = Mãe dos filhos peixe, ou ,Yéyé omo ejá ( mãe cujo os filhos são peixes)

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